Sedução e honra no Auto dos Enfatriões
pdf

Palavras-chave

Género
Honra
Masculinidade
Sedução
Teatro

Como Citar

SILVA, C.; MENDES, P. A. Sedução e honra no Auto dos Enfatriões. Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, [S. l.], v. 43, p. 50–73, 2025. DOI: 10.24261/2183-816x0443. Disponível em: https://mail.revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/1020. Acesso em: 3 out. 2025.

Resumo

As personagens masculinas principais das duas narrativas do Auto dos Enfatriões, Feliseu e Anfatrião, demonstram, com os seus ditos e feitos, o funcionamento de duas importantes categorias da masculinidade: a sedução e a honra. Este estudo pretende explorar como a subjetividade masculina de Feliseu e Anfatrião se desenvolve em torno da tensão entre os seus desejos e vontades e a inevitabilidade dos ideais hegemónicos de “ser homem” no século XVI. Se o caso de Feliseu demonstra as complexidades da sedução, dotada até de um caráter homossocial, e desvenda os possíveis sofrimentos masculinos devido à definição patriarcal do matrimónio, a estória de Anfatrião revela como um sofrimento presente pode ser proveitoso no futuro, especialmente quando a recompensa é uma filiação a um ideal de masculinidade impossível de alcançar sem auxílio divino.

https://doi.org/10.24261/2183-816x0443
pdf

Referências

ALCIATO, Andrea. Viri clarissimi D. Andree Alciati Iurisconsultis. Mediol. ad D. Chonradum Peutingerum Augustanum, Iurisconsultum Emblematum liber. Excusum Augustae Vindelicorum: Per Heynricum Steynerum, 1531.

ANASTÁCIO, Vanda. Aparência e identidade no Auto dos Enfatriões de Camões. In: ALÇADA, João Nuno Morais (ed.). Estudos portuguese: homenagem a Luciana Stegagno Picchio. Lisboa: Difel, 1991. p. 519-568.

ANASTÁCIO, Vanda. El Rei Seleuco, 1645 (Reflexões sobre o «corpus» da obra de Camões). Península: Revista de Estudos Ibéricos, Porto, n. 2, p. 327-342, 2005. Disponível em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2969.pdf. Acesso em: 27 março 2025.

ANASTÁCIO, Vanda. Transmissão e difusão do teatro camoniano. In: ANASTÁCIO, Vanda. Leituras potencialmente perigosas. Lisboa: Caleidoscópio, 2020a. p. 170-179.

ANASTÁCIO, Vanda. 'Visita das fontes' do teatro camoniano: a publicação de Estevão Lopes e Andrés Lobato e o Cancioneiro de Luis Franco Correia. In: ANASTÁCIO, Vanda. Leituras potencialmente perigosas. Lisboa: Caleidoscópio, 2020b. p. 150-169.

ANASTÁCIO, Vanda. Um olhar sobre a fortuna editorial Teatro Camoniano. In: ANASTÁCIO, Vanda. Leituras potencialmente perigosas. Lisboa: Caleidoscópio, 2020c. p. 252-287.

ANÓNIMO. Ditos portugueses dignos de memória: história íntima do século XVI. Edição: José Hermano Saraiva. 3. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997.

ASENSIO, Eugenio. Sobre El Rey Seleuco de Camões. In: ASENSIO, Eugenio. Estudios portugueses. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Português, 1974. p. 285-301.

BARROS, João de. Espelho de Casados. In: LOPES, Maria Antónia (ed.). Primeiros livros de edificação moral e primeira crónica biográfica. Lisboa: Círculo de Leitores, 2019. p. 697-807.

BOURDIEU, Pierre. La domination masculine. Paris: Seuil, 1998.

BRAGA, Teófilo. História de Camões. Porto: Imprensa Portugueza Editora, 1873. v. 1: Vida de Luiz de Camões

BRANDÃO, Fiama Hasse Pais. A Nau de Enfatrião. In: BRANDÃO, Fiama Hasse Pais. O labirinto camoniano e outros labirintos. Lisboa: Teorema, 1985. p. 37-52.

BRANDÃO, Mário. Documentos de D. João III. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1939. v. 3.

BRANDÃO, Mário. Actas dos Conselhos da Universidade de 1537 a 1557. Coimbra: Publicações do Arquivo e Museu de Arte da Universidade de Coimbra, 1941. v. 1.

CAMÕES, Luís de. Obras Completas. Edição: Hernâni Cidade. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1956. v. 3: Autos e cartas

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Edição: Álvaro Júlio da Costa Pimpão; Aníbal Pinto de Castro. 4. ed. Lisboa: Ministério dos Negócios Estrangeiros. Instituto Camões, 2000.

CAMÕES, Luís de. Teatro Completo de Camões. Edição: Vanda Anastácio. Porto: Caixotim, 2005.

CEBRIÁN, José. En torno a una epopeya inédita del siglo XVI: el Hércvles animoso de Juan de Mal Lara. Bulletin Hispanique, t. 91 n. 2, p. 365-393, 1989. Disponível em: https://doi.org/10.3406/hispa.1989.4678. Acesso em: 11 abril 2025.

CONNELL, Raewyn. Masculinities. 2. ed. Berkeley: Polity Press, 2005.

COSTA, Avelino de Jesus da. Normas gerais de transcrição e publicação de documentos e textos medievais e modernos. 3. ed. Coimbra: Universidade de Coimbra; Faculdade de Letras, 1993.

DIAS, José Sebastião da Silva. Política cultural da época de D. João III. Coimbra: Universidade de Coimbra. Instituto de Estudos Filosóficos, 1969. v. 1, t. 2

ERASMO. Coloquios. Tradução: Pedro R. Santidrián. Madrid: Espasa Calpe, 2001.

FERREIRA, António. Comedia do Cioso. In: MIRANDA, Francisco de Sá de. Comedias famosas portuguesas. dos doctores Francisco de Saa de Miranda, e Antonio Ferreira. Dedicadas a Gaspar Severim de Faria. Lisboa: Por Antonio Alvarez Impressor, e mercador de livros, 1622. f. 117-155.

FERREIRA, António. La comédie de Bristo ou l'entremetteur: comédia do Fanchono ou de Bristo. Edição: Adrien Roig. Paris: Presses Universitaires de France, 1973.

FOX, Dian. Hercules and the king of Portugal: icons of masculinity and nation in Calderón's Spain. [s. l.]: University of Nebraska Press, 2019.

GAZALÉ, Olivia. Le Mythe de la virilité: un piège pour les deux sexes. Paris: Robert Laffont, 2017.

GUEVARA, Antonio de. Libro primero de las epístolas familiares. Edição: José María Cossío. Madrid: Aldus, 1950. v. 1

GUEVARA, Antonio de. Libro primero de las epístolas familiares. Edição: José María Cossío. Madrid: Aldus, 1952. v. 2

LOPES, Afonso (comp.). Primeira parte dos Autos e Comedias Portuguesas: feitas por Antonio Prestes & por Luís de Camões & por outros autores portugueses cujos nomes vão no princípio das obras. [Lisboa]: Andres Lobato, 1587.

LUJÁN, Pedro de. Coloquios matrimoniales. Edição: Asunción Rallo Gruss. [s. l.]: Junta de Andalucía; Consejería de Cultura, 2010.

MATOS, Maria Vitalina Leal de. Biografia de Luís de Camões. In: AGUIAR E SILVA, Vítor (ed.). Dicionário de Camões. Alfragide: Caminho, 2011. p. 80-94.

MEJÍA, Vicente. Saludable instrucion del estado del matrimonio. Cordova: Por Juan Baptista Escudero, 1566.

MIGUEL, María Jesús Framiñán de. Estudio documental sobre teatro en Salamanca (1500-1630): avance de resultados. Criticón, Madrid, n. 96, p. 115-137, 2006. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/literatura/criticon/PDF/096/096_115.pdf. Acesso em: 28 mar. 2025.

NOBRE, Cristina. Três Autos Camonianos: variantes e variações nas edições dos séculos XVI e XVII. In: ROCHETA, Maria Isabel; AMADO, Teresa (ed.). Estudos: para Maria Idalina Resina Rodrigues, Maria Lucília Pires, Maria Vitalina Leal de Matos. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2007. p. 201-237.

OSUNA, Francisco de. Norte de los estados en que se da reglas de biuir a los mancebos: y a los casados: e a los biudos: y a todos los continentes: y se tratan muy por estenso los remedios del desastrado casamiento: enseñando que tal ha de ser la vida del christiano casado. Sevilla: Por Bartolome Perez impressor en la calle dela Sierpe, 1531.

REESER, Todd W. Masculinities in theory: an introduction. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010.

RODRIGUES, Maria Idalina Resina. O teatro de Camões. Lisboa: FAOJ, 1982.

SEDGWICK, Eve Kosofsky. Between mnen: english literature and male homosocial desire. New York: Columbia University Press, 1985.

SILVA, Carlos; MENDES, Paula Almeida. A correção de masculinidades maritais através do riso: o caso de Júlio na Comédia do Cioso de António Ferreira. Revista do NEPA/UFF, Niterói, v.16, n.33, p. 47-62, jul./dez. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.22409/abriluff.v16i33.62787. Acesso em: 28 mar. 2025.

SOARES, Maria Luísa de Castro. De Amphitruo de Plauto ao Auto dos Anfitriões de Camões: paragramatismo e originalidade. Humanitas, Coimbra, v. 63, p. 451-471, 2011. Disponível em: https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas63/25_MLCS.pdf. Acesso em: 2 abril 2025.

VIVES, Juan Luis. Deberes del Marido (De officio mariti). In: RIBER, Lorenzo (ed.). Obras Completas, Tomo Primero. Reimpressão da 1. ed. Valencia: Generelitat Valenciana, 1992. p. 1259-1352.

ŽIŽEK, Slavoj. Sexo e o absoluto falhado. Tradução: Pedro Elói Duarte. Lisboa: Edições 70, 2020.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2025 Carlos Silva, Paula Almeida Mendes